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quarta-feira, 1 de junho de 2011

e-Fólio B

Unidade Curricular de PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

1.      ADOLESCÊNCIA E IDADE ADULTA: CONFLITO VS DESENVOLVIMENTO?

RESUMO
É nos desvios e acertos verificados na transição entre adolescência[1] e idade adulta, na determinação dos limites etários e das especificidades das respectivas categorias, da conexão e encadeamento de dois estádios subsequentes (mas em que se revelam alterações biopsicossociais quase metamorfósicas) que tanto podem insinuar proximidade como, in extremis, conflitualidade e distância. São mudanças que ocorrem segundo princípios comuns de equilíbrio e desequilibração, numa ambivalência conducente ao conflito, o grande propulsor do desenvolvimento. É de um modo progressivo, integrativo e qualitativo (comum aos vários estádios da vida humana) que, na transição destas duas etapas, a maturidade se vai processando e consolidando.

PALAVRAS-CHAVE:
Mudança; desenvolvimento; ciência; socialização; família; adolescência; adultez   

INTRODUÇÃO
Mudança/desenvolvimento
Apesar dos diferentes entendimentos sobre o conceito de desenvolvimento, e das inerentes contradições, há um consenso generalizado de que o desenvolvimento do homem, que é, na sua singularidade, um ser bio-psico-social, se processa de forma dinâmica e evolutiva, a partir do momento da concepção, em etapas sucessivas, ordenadas e encadeadas (estádios) numa complexidade crescente, prolongando-se até à morte. As teorias contemporâneas referem que, apesar das mudanças no comportamento ocorrerem ao longo do ciclo vital, há fases em que essas mudanças acontecem de forma mais marcada, os períodos de transição rápida, com maior incidência, na infância/adolescência/velhice.
Sabe-se que são múltiplos os factores que influenciam de forma determinante o desenvolvimento humano. Segundo Bronfenbrenner e Morris (Cf. Martins Szymanski, 2004, p. 66), tal sucede tendo em consideração as especificidades do indivíduo, como o carácter, as convicções, metas, motivações ou o contexto em que se insere. A própria ocorrência de acontecimentos familiares como o nascimento de uma criança, a entrada na escola, a mudança de trabalho, pode alterar o curso de desenvolvimento humano. O mesmo acontece com os eventos históricos ou a própria passagem de tempo, cujos efeitos se repercutem não só a nível individual, mas também de forma mais abrangente, nas sociedades.      
Ciência/natureza/socialização  
Etimologicamente o termo psicologia deriva do grego, psyche (alma) e logos (ciência, estudo). Compreende e define o estudo científico do comportamento e dos processos mentais do ser humano, numa análise ao observável (características visíveis) e ao não observável (características internas), para um melhor entendimento e/ou ajustamento das acções humanas.
Os factores genéticos, apesar de constituírem uma força potencial da natureza, com grande influência na evolução humana, acabam modelados pelas contínuas interacções e multi-influências do meio ambiente, que ocorrem desde o início da vida, num alargamento progressivo e decisivo das relações interpessoais, designadamente família, amigos, escola, comunidade, etc.  

ENVOLVIMENTO SOCIAL/FAMILIAR
Adolescência
A adolescência é uma fase da vida humana, reconhecida desde épocas remotas, mas que tem vindo a ser alvo de diferentes entendimentos, também relacionados com o momento histórico vivido.
Segundo Lutte (1988) «a adolescência surgiu no início do século II a.C., na sociedade romana, como consequência de profundas alterações do sistema económico-social». (Texto 6, UAb, UC Psicologia do Desenvolvimento, 2011, p. 2).
Actualmente, mercê das transformações político-sociais ocorridas ao longo do Sec. XX, do prolongamento do tempo escolar e do consequente adiamento do ingresso no mercado de trabalho, reconhece-se a adolescência como uma etapa mais alargada, donde sobressai uma maior protecção e dependência parental.
As alterações físicas surgem como factor preponderante, mas envolvem mudanças de enorme relevância a nível biológico, cognitivo, emocional e social. Os problemas de adaptação emergentes, resultantes do despertar para novas realidades (onde a sexualidade tem lugar de realce) e a observância de uma ainda intrínseca ingenuidade e imaturidade, podem predispor a crises, instabilidade, confusão, agressividade, necessidade de reconhecimento/aceitação, de busca acentuada de autonomia. Acentuam-se as diferenças de género nos comportamentos, apesar da igual procura de intimidade nas relações. Pode surgir o apelo na aferição de limites, para a experimentação do ilícito e para um certo extremismo, que pode levar ao isolamento profundo ou à euforia exacerbada nas relações. É no grupo de amigos que se experiencia de forma efectiva o valor da cooperação/solidariedade/reciprocidade e onde se aprende a mediar a resolução de conflitos. É com os seus pares que o jovem vai descobrindo as regras de uma vivência em comunidade e das futuras relações interpessoais.
 O desenvolvimento civilizacional, as novas tecnologias e diferentes estruturas familiares vieram alterar significativamente os modos de socialização dos adolescentes e os padrões nas relações humanas. A internet é um instrumento ímpar no processamento da informação/comunicação, mas se a sua utilização não envolver atitudes conscientes, poderá ser um espaço propício a situações de abuso social e perigos para a saúde física e mental. Os adultos, sobretudo a família, têm um papel decisivo nessa orientação, liberdade e responsabilização, bem como no desenvolvimento integral do jovem. O seu desempenho perante as adversidades está intimamente ligado com a solidez (ou não) da estrutura familiar onde se insere, com as condições socioeconómicas, com os valores e padrões de comportamento observados, influências apreendidas/interiorizadas desde fases precoces.
  Entusiasmo, criatividade, idealismo ou mesmo utopia, são sentimentos que levam a grandes desafios, que quando superados, contribuem para a construção da identidade do adolescente, levando-o a ter uma maior capacidade de análise face aos diferentes aspectos da vida e uma maior consciência de si mesmo. É essa aquisição de competências, precursora da fase em que o indivíduo solidifica as suas escolhas e define com mais propriedade a personalidade, em que o pensamento se vai tornando mais complexo e eficiente que, gradualmente, se vai efectivando a transição para o mundo da adultez.   
Idade adulta
Na modernidade parece não subsistir o protótipo de «adulto padrão», entendido como tendo atingido uma condição ideal ou definitiva. Evidencia-se uma multiplicidade de modelos que se modificam conforme o enquadramento histórico-social e as exigências culturais e socioeconómicas. Segundo Boutinet (Cf. Sousa, F., 2008, p.7) «Substitui-se o “adulto padrão” – como estado terminado e estático – pelo “adulto inacabado” – sujeito a um contínuo processo de construção e desenvolvimento. O adulto «é entendido doravante (…) [em] maturidade vocacional nunca atingida, mas em contínua conquista»
            Com a ascensão da aprendizagem ao longo da vida, o adulto adquire mais reflexividade e autonomia para planear decisões/prioridades individuais, o seu próprio projecto de vida, conducente à realização dos seus propósitos pessoais, abarcando áreas como o planeamento familiar e o trabalho. A profissão, muito valorizada socialmente, pode garantir (apesar da instabilidade actual) capacidade financeira para actividades diversificadas, mormente as relacionadas com o lazer. Esta componente, embora com significados geracionais diferentes, conduz à concretização de comportamentos, já experimentados pelo adulto na adolescência, os cuidados com o corpo, a imagem, a sociabilidade ou as viagens.
Pese embora alguma indefinição ou a multiplicidade de concepções, representações e práticas sociais sobre o «modelo de adulto», a ideia de autonomia persiste associada à entrada na vida activa, à iniciação no mercado de trabalho, à independência financeira ou mesmo à constituição de uma nova família. Na verdade, abordar o papel de adulto pressupõe, com relevância falar de família, um núcleo flexível, potencialmente gerador/promotor de intimidade, protecção, afectos e desenvolvimento dos seus membros, num compromisso pessoal dos pais entre si e destes com os filhos, numa perspectiva de constância transgeracional.  
As formas de organização familiar tradicional sofreram alterações importantes, resultantes de novas realidades nas sociedades contemporâneas (se bem que já evidentes em antigas culturas antecedentes, nessa correspondência da diversidade das famílias). O papel do agrupamento familiar, independentemente da sua constituição diferenciada e de novas configurações, sejam elas reconstruídas, não matrimoniais ou mesmo monoparentais, ainda mantém o estatuto de rede basilar de apoio, cujo legado assegura suporte aos filhos, vinculação[2], resiliência[3], integração sociocultural. «Tudo parece indicar que nunca na história recente as relações dos pais com os filhos adolescentes e jovens tenham sido tão harmoniosas como na actualidade.» (Texto 7, UAb, UC Psicologia do Desenvolvimento, 2011, p. 16). Constata-se que o alargamento temporal das relações de dependência dos adolescentes fortalece os laços familiares estabelecidos.
Porém, nem tudo é irrepreensível. «Os pais queixam-se muitas vezes de amizades pouco recomendáveis dos filhos sem perceberem que a escolha dos amigos é modelada pelo clima relacional na sua própria família» (Texto 7, UAb, UC Psicologia do Desenvolvimento, 2011, p. 13-14).
            Vivem-se tempos conturbados em que se multiplicam casos concretos de caos, aquando do confronto com situações e factores de risco, nomeadamente desemprego, pobreza extrema (material e cultural), doença, etc., causadores de frustração e vulnerabilidade, que podem levar à perda de vínculo e à ruptura nas relações familiares.  

CONCLUSÃO
A adolescência precursora da adultez emergente, ciclos da vida com grande potencial, infundem esperança numa mudança de base, alicerçada em posturas éticas, morais, ambientais, nesta era complexa, tecnológica, global, de profundas e abrangentes transformações. Para tal, propõe-se um contínuo exercício reflexivo e práticas criativas adequadas, rumo a um permanente aperfeiçoamento, em todas as dimensões do desenvolvimento humano.  

2.      REFLEXÃO
O modelo de ensino-aprendizagem desenvolvido a distância, em regime de e-learning é, como já amplamente discutido, um método inovador, considerado por muitos o modelo mais democrático, porque, a priori, todos se podem fazer valer dos mesmos instrumentos. Contudo, pressupõe muita autonomia e grande capacidade de organização. Em Psicologia do Desenvolvimento essas aptidões são ainda mais relevantes, uma vez que é uma unidade curricular que insta à participação/interacção/espírito colaborativo, para além de abarcar o desenvolvimento de diversas ferramentas tecnológicas.  
Dificuldades face às tarefas apresentadas
Pessoalmente, considero que houve tarefas em que senti um pouco mais o «peso do isolamento» e, mea culpa, também alguma inibição no pedido de ajuda, nomeadamente na construção dos «mapas conceptuais» e do «prezi». Considero que essas dificuldades tiveram como razões de base  o facto de constituírem uma primeira experiência, a sensação de retraimento na colocação das dúvidas, possivelmente também motivados pela falta de interacção grupal, tendente ao esmorecimento da participação.
Ganhos em termos de aprendizagem
Se inicialmente vacilei quanto à escolha do modelo de avaliação, neste momento não tenho quaisquer dúvidas que AVAC é o modelo certo para Psicologia do Desenvolvimento. Mesmo não publicando algumas tarefas que realizei nas Actividades Formativas, creio ter desenvolvido algumas capacidades que, obviamente, não serão consideradas no processo de avaliação, mas que presumo se irão traduzir em ganhos, ainda que apenas na valorização pessoal, até pelo entusiasmo sentido na experimentação, mesmo quando o resultado final não foi o mais desejado. Como garante do sucesso na aprendizagem, acredito ser fundamental resistir à procrastinação[4] e, no estudo dos artigos científicos, ter sempre em linha de conta a eficiência [5] e a eficácia[6].
Aspectos mais e menos interessantes
Considero de grande interesse os temas tratados nesta UC, pois conduzem a um entendimento discernido sobre o desenvolvimento humano, sobretudo na compreensão e questionamento de teorias, cujos dados científicos postulam verdades imutáveis ou incertezas e ambiguidades, promotoras de mais pesquisa e reflexão. Depois, há uma dinâmica que sobressai, com a presença assídua da docente, num incentivo à participação e ao confronto de ideias, com o intuito, julgo, bem patente, de uma estruturação do conhecimento individual e comunitário, com significado. Paradoxalmente, pois «não há bela sem senão», surgem também aspectos menos interessantes: a fraca adesão dos participantes e falta de feedback aquando da publicação de trabalhos de quem «ousa» participar. Talvez a justificação seja, entre inúmeras possibilidades, a simultaneidade das solicitações, indisponibilidade, dificuldades na gestão do tempo, reserva na exposição, medo de falhar, acabando por contagiar, discentes e docentes e levando a um certo mutismo/desmotivação. Diga-se, com toda a justeza, que a aprendizagem colaborativa e a socialização deveriam ser sempre objectivos essenciais na educação, mesmo quando desenvolvida a distância.
Metodologia de trabalho e de avaliação
Considero muito interessante a metodologia de trabalho utilizada, nomeadamente a informação disponibilizada e a utilização de aplicações tecnológicas inovadoras. Apesar das dúvidas que sempre acarreta, das dificuldades sentidas pela distância, da «exigência» na assiduidade à sala de aula virtual, redunda, seguramente, numa mais-valia na aquisição de competências. A construção do blogue ou do voki são exemplos de uma comunicação atractiva, só pecando por não ser suficientemente explorada ou fruída, quiçá pelas razões já citadas, ou mesmo alguma frustração com o resultado obtido na avaliação do e-Fólio A.
Poderá não ser exequível, mas se a participação nos fóruns ou nas Actividades Formativas pudesse ser tida em linha de conta, com uma quota-parte quantificável na avaliação final, creio que seria, à partida, um factor promotor de uma interacção mais assertiva.

Bibliografia:
Barros Dias, J. (2004). «Ética e Educação». Lisboa: Universidade Aberta.
Gomes, A., Gomes A., A., Monteiro, S., Pereira, A. & Tavares J. (2007). «Manual de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem». Porto: Porto Editora.
Andrade, C. (2010). «Transição para a idade adulta: Das condições sociais às implicações psicológicas». Análise Psicológica 2 (XXVIII): 255-267. [Recuperado em 22 de Maio, 2011 de http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/aps/v28n2/v28n2a02.pdf]
Martins, E. & Szymanski H. (2004). «A abordagem ecológica de Urie Bronfenbrenner em estudos com famílias». Estudos e Pesquisas em Psicologia. Ano 4, N.º 1: 63-77. [Recuperado em 22 de Maio, 2011 de http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/file.php/31441/Documentos_Tema_2/2004_Martins.pdf]
Matos, M. (2008). «A saúde do adolescente: O que se sabe e quais são os novos desafios». Análise Psicológica, 2 (XXVI): [251-263] [Recuperado em 22 de Maio, 2011 de http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=1195601]
Sousa, F. (2008). «O que é “ser adulto”? As práticas e representações sociais – A Sociologia do Adulto». VI Congresso Português de Sociologia. [Recuperado em 22 de Maio, 2011 de http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=1195601]
Adolescência e Identidade (2011). Texto de Apoio da UC de Psicologia do Desenvolvimento. Lisboa: Universidade Aberta. [Recuperado em 22 de maio, 2011 de http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/file.php/32521/Documentos_Tema_2/Texto_6.pdf]
O papel da família na idade adulta (2011). Texto de Apoio da UC de Psicologia do Desenvolvimento. Lisboa: Universidade Aberta. [Recuperado em 22 de maio, 2011 de http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=1203391]
Como ler um artigo científico? (2011). Texto de Apoio da UC de Psicologia do Desenvolvimento. Lisboa: Universidade Aberta. [Recuperado em 22 de maio, 2011 de http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/file.php/32521/Documentos_Orientadores/Como_ler_um_artigo_cientifico.pdf]


[1]  A Organização Mundial de Saúde designa por população juvenil o conjunto dos indivíduos de idade compreendida entre os 10 e os 24 anos; atribui as designações de adolescentes e de jovens aos indivíduos que têm entre 10 e 19 anos e entre 15 e 24 anos, respectivamente.
[2] Vinculação - sentimento de relação privilegiada e compromisso emocional.
[3] Resiliência - factor de equilíbrio pessoal e social que permite ter um funcionamento e desenvolvimento adaptados.
[4] Procrastinação significa adiamento de tarefas relevantes
[5] Eficiência significa que utilizamos bem o tempo 
[6] Eficácia significa que compreendemos o que estamos a ler
  

domingo, 15 de maio de 2011

Desenvolvimento pessoal na velhice

A velhice, comummente relacionada com a idade cronológica e, por consequência, com a última etapa da vida é, tendencialmente, associada ao declínio, à perda de capacidades, à decadência e dependência, a uma fase de não-desenvolvimento. Apesar da concepção vulgarizada de que o desenvolvimento se conclui na idade adulta, a figura do velho/idoso surge também associada à ideia de maturidade, experiência, sabedoria (complexa e multifacetada)  de integridade máxima. Sabe-se, hoje, que é possível manter e/ou adquirir capacidades de adaptação a novas situações, ao longo de toda a vida. Tudo depende das estruturas adquiridas nos diversos estádios, numa sequência progressiva, integrativa e qualitativa e, por inerência, da compreensão pessoal que se vai alcançando. Nessa conformidade, apesar de alguma ambivalência, pode depreender-se que a última etapa da vida pode encerrar um elevado grau de desenvolvimento, fundamentado num saber consolidado, na realização plena do indivíduo, evidentemente, de acordo com as suas possibilidades específicas.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Avaliação AF 2C - Adolescência


Constata-se que é cada vez mais difícil participar em todas as actividades formativas. As solicitações são imensas, o que torna problemático gerir, de forma cabal, tanta prioridade em simultâneo.
Há actividades a que também não me é possível corresponder. Nesta, tentei desdobrar-me um pouco mais e fiz questão de intervir, pese embora o facto de o feedback não ter acontecido e, eventualmente, se terem verificado algumas falhas relativamente ao pretendido. Valeu, quanto mais não seja, pela intenção.   
Reconhece-se que há turmas mais intervenientes. Porém, cada um de nós tem razões, certamente de sobra, para uma não participação tão expressiva. Creio, no entanto, que todos estamos perfeitamente conscientes que a partilha é imprescindível para a aquisição/estruturação de mais e melhor conhecimento.    

Adolescência - 3

3. Como futuro técnico de educação, que problemas identifica como prioritários na intervenção com adolescentes?
A adolescência é um estádio de mudanças comportamentais profundas, de interrogações e conflitos, com variáveis internas (processos inatos) e externas (influência do meio), sendo a família, a escola, os amigos o suporte, os pontos de referência do jovem. Como mãe e futura técnica de educação considero essencial o diálogo, o debate de ideias, tentando obviar os eventuais desencontros geracionais. Nesta etapa, existe o apelo para a procura da identidade, a autonomia, para a repetição de modelos. Assim, há uma responsabilidade acrescida, por parte da família (e da sociedade), para a transmissão de valores, padrões de comportamento construtivos, sendo os exemplos/o meio ambiente que mais influenciam e contribuem para a construção da personalidade, apreendidos e interiorizados desde cedo. O acompanhamento/perspicácia familiar (e social) são imprescindíveis. Contudo, esse sentido de alerta deverá ser bem reflectido, doseando controlo/liberdade/responsabilidade, flexibilidade/autoridade, atenção/confiança, num exercício verdadeiramente ponderado, nem excessivamente permissivo, nem o oposto, o chamado «bota-de-elástico».

Adolescência - 2

2 . Que memórias tem da sua adolescência? Se comparar a sua adolescência com a dos jovens de hoje, o que considera ser semelhante? E melhor? E pior?
O mundo actual transforma-se a uma velocidade abismal. A rapidez da informação/telecomunicações/internet/viagens aéreas e a inerente diminuição das distâncias, anuncia uma nova visão da humanidade, das relações, nomeadamente nesse estádio de desenvolvimento que é adolescência. As diferenças são profundas quando comparadas com uma adolescência vivenciada há tempos atrás, onde a informação escasseava e muitas representações sociais surgiam, frequentemente, de forma incoerente. Contudo, esta explosão tecnológica pode estimular os mais ousados, mas também intimidar os mais frágeis. Ao nível da socialização pode atingir formas notáveis de interacção/solidariedade, mesmo em acções desenvolvidas a distância, mas a sua utilização terá que ser disciplinada, envolver atitudes conscientes, assentes em valores humanos, respeito por si próprio e pelo outro, não dar azo ao isolamento. O fundamental será que, em qualquer momento histórico, sempre que os jovens se deparem com novos desafios, não se confrontem com grandes desfasamentos entre a maturidade biológica e a maturidade social.

Adolescência - 1

1. Se tivesse que descrever um adolescente, que características enunciaria como fundamentais?
A adolescência é, na generalidade, um período de maturação, considerado de transição rápida por ser um estádio de desenvolvimento pautado por mudanças físicas, psicológicas, afectivas e sociais muito acentuadas.
É um tempo de adaptação a novos desafios, de procura de identidade, autonomia, marcado por alguma agressividade/confusão/instabilidade. A dificuldade não estará propriamente na mudança, mas nessa transição para a mudança.
No adolescente o culto do corpo surge como um factor de grande relevância, prioritário até, dado que a aparência física e a imagem são, hoje, bastante valorizadas socialmente. É, contudo, nesta fase que o pensamento se torna mais complexo e eficiente, o que leva o indivíduo a ter uma maior capacidade de análise face aos diferentes aspectos da vida e, também, a uma maior consciência de si mesmo.
Actualmente, verifica-se que é um período bem mais alargado, de maior protecção/dependência parental, face às transformações políticas e sociais verificadas nas sociedades contemporâneas.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

e-Fólio A

Unidade Curricular de PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO
1 - Jean William Fritz Piaget, suíço, licenciado em biologia, doutorado em zoologia, epistemólogo, psicólogo, nasceu em Neuchâtel a 09/08/1896 e faleceu em Genebra a 17/09/1980.
Do casamento com Valentine Châtenay nasceram três filhas, cujo desenvolvimento intelectual fez questão de estudar de forma minuciosa, paralelamente com o de outras crianças. A observação foi, aliás, uma capacidade que evidenciou desde muito cedo. Deixou uma obra admirável, cerca de cem livros e mais de quatrocentos artigos publicados.
Jean Piaget é um ícone, considerado mesmo o maior psicólogo do desenvolvimento de todos os tempos. Dedicou mais de cinquenta anos à investigação, nomeadamente ao estudo do desenvolvimento da inteligência humana. Foi um dos pioneiros a considerar a criança como ela própria e não como um adulto imperfeito, em miniatura (ideia primitiva), demonstrando que o conhecimento é estruturado a partir da interacção entre a componente biológica e as aprendizagens estabelecidas com o meio. Fundador da epistemologia genética (etimologicamente, epistemo/conhecimento, logia/estudo), determinou cientificamente como se avança no conhecimento, ou seja o processo de construção do conhecimento e os mecanismos que o indivíduo utiliza para perceber o mundo. Segundo Piaget «não existe estrutura sem génese, nem génese sem estrutura». Bello, J. (1995: 1)  
 As suas pesquisas foram fundamentais para o desenvolvimento da teoria do construtivismo, que caracteriza grande parte da sua acção como investigador, abrindo novos campos de estudo, não só para a psicologia do desenvolvimento, mas também para outras áreas do conhecimento, nomeadamente a sociologia e a antropologia.
O conceito construtivista sustenta que o conhecimento não é estático, pelo contrário, está em constante evolução e mudança, à medida que os aprendentes, de todas as idades, se confrontam com novas experiências, se envolvem activamente no processo de aquisição de informação, levando à construção do seu próprio conhecimento e/ou a modificar conhecimentos anteriores.
Na origem do desenvolvimento está a acção do sujeito (construtivismo psicológico); conhecer é agir sobre a realidade, transformando-a (construtivismo epistemológico); compreender é reinventar/assimilar de modo significativo, o que lhe é transmitido (construtivismo pedagógico); o ser humano é o primeiro responsável pelo seu desenvolvimento e aprendizagem (construtivismo existencial).  
O indivíduo só recebe um novo conhecimento se o organismo já tiver um conhecimento prévio que o assimile e transforme: a assimilação, conjugada com a acomodação (processo adaptativo que ajusta os esquemas existentes a novas situações) e com a equilibração (estrutura reguladora da assimilação e acomodação) facultada pela adaptação do indivíduo ao meio e à inerente evolução. A construção da inteligência realiza-se em etapas sucessivas e interligadas, numa complexidade crescente, sempre mais eficazes e organizadas em termos qualitativos - saber melhor, não apenas saber mais. Este processo, denominado construtivismo sequencial, conduziu à descoberta dos quatro estádios de desenvolvimento cognitivo no indivíduo, que envolvem formas diferentes de inteligência: sensória-motor (0/2 anos), reflexos inatos/desenvolvimento motor; pré-operatória (2/7 anos), desenvolvimento verbal; operatória concreta (7/12 anos), noções de tempo/espaço/velocidade/ordem; operatória formal (a partir dos 12 anos, em média), desenvolvimento mental/raciocínio lógico e sistemático.  
Em termos pedagógicos, Piaget não propõe um método de ensino, mas sim uma pedagogia baseada na experimentação, na manipulação de objectos, na auto-investigação. De acordo com as suas teorias, o educador não deve apenas ensinar, mas sim dar primazia a actividades que favoreçam a espontaneidade na criança, orientando os alunos a envolver-se em situações do seu ambiente, no questionamento e na procura das próprias respostas, na construção de uma aprendizagem autónoma e com significado.  

Bibliografia:
Arends, R. (2008). Aprender a Ensinar. Lisboa: McGrawHill.
Tavares, J. et al. (2007). Manual de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Porto: Porto Editora.
            Bello, J. (1995). A teoria básica de Jean Piaget. Vitória. Acedido em 02.04.2011 em
http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/per09.htm.

2 – Planificação do desenvolvimento de uma sessão de formação
Tema da sessão: «Velhice é… um estádio de desenvolvimento».  
Destinatários: Utentes, equipa multidisciplinar do Centro de Dia «O Idealista» (nome fictício), agentes da comunidade e público em geral.
Duração da sessão: 45 minutos.
Objectivos: 1) Sensibilizar utentes, profissionais da área da gerontologia e população em geral para a importância do desenvolvimento ao longo da vida e, particularmente, na velhice, para uma maior qualidade de vida dos utentes do centro de dia. Promoção de hábitos saudáveis, de actividades lúdicas e ocupacionais, educativas, desportivas e culturais, impulsionadoras de um maior desenvolvimento físico e intelectual, para um envelhecimento mais activo e consciente. 2) Implementar a formação de competências em desenvolvimento humano através de acções teórico-práticas, a profissionais e outros agentes da comunidade, incrementando a reflexão sobre a problemática do processo evolutivo, para uma intervenção mais eficiente, potenciando a melhoria e a qualificação dos serviços prestados.
Recursos disponíveis: Um quadro interactivo; um projector de vídeo.
Metodologia - A presente formação teve como base a investigação descritiva/estudo pela observação natural e também um estudo preliminar, realizado a informantes, um sub-grupo da comunidade local da freguesia (por amostra), sobre o entendimento de desenvolvimento e envelhecimento. Foi efectuado, com grande atitude ética, por um grupo de trabalho constituído por técnicos de educação, experientes no trabalho com idosos. Consistiu na recolha e análise dos dados obtidos, através de questionário, a 50 participantes na faixa etária subsequente aos 65 anos, tendo como referência, o sexo, a idade, o nível de escolaridade, a estrutura familiar. Concluiu-se que as representações sociais, plenamente enraizadas na comunidade, apontavam para um consenso generalizado das concepções negativas da velhice, dependência, estagnação e também preconceitos e estereótipos, relacionados com crenças e tradições.
GUIÃO
Introdução - Como técnica de educação inserida na equipa multidisciplinar do Centro de Dia “O Idealista”, que pugna por um aperfeiçoamento constante das condições físicas e humanas da instituição e do bem-estar de cada idoso, em particular, propus-me desenvolver esta formação, encetando, assim, um ciclo de acções, no âmbito dos novos programas de intervenção na prevenção e promoção da saúde e educação sénior. A sessão terá lugar no auditório da Junta de Freguesia, em data a agendar. A apresentação será oral/expositiva, complementada com meios audiovisuais auxiliares (suporte em powerpoint, word e vídeo). Finalizará com a interacção e diálogo com o público, numa estratégia de motivação/envolvimento com a temática. Perspectiva-se a seguinte abordagem e sequência:
Psicologia do desenvolvimento – A ciência que tem como objecto o estudo do desenvolvimento humano, ou seja as mudanças resultantes de um conjunto de variáveis biológicas, psicológicas, sociais e afectivas, que se iniciam na concepção e se processam de forma progressiva e evolutiva, em diferentes etapas sequenciais (estádios), ao longo do ciclo da vida. O seu cunho normativo, já que define regras e prescreve comportamentos, acaba por assumir o papel de instituição especializada, revelando o lugar social do sujeito na sociedade. A ciência tem essa função de intensificar e explicar, com consistência, a realidade, através de modelos teóricos, num dado momento histórico, servindo também para especificar e preconizar acções humanas. A psicologia científica e as teorias explícitas, constituídas por conjuntos de conceitos adequados à explicação e interpretação dos factos, proporcionam uma base para o levantamento de suposições e resultam de constantes investigações (sempre em aberto), visando estabelecer o rigor nessa área do conhecimento. Associadas à cultura, assumem um aspecto moral com implicações nas práticas sociais. A psicologia popular, com as suas teorias implícitas, caracterizadas pelo conhecimento espontâneo nas questões práticas, pese embora alguma ambiguidade, ingenuidade e/ou incongruência, acaba por regular uma certa visão do mundo, revelando o aspecto moral que o significado da natureza humana assume na sociedade. A sua articulação com as teorias explícitas leva, frequentemente, a um ponto de partida para a investigação e aprofundamento científicos.
Velhice As concepções tradicionais sobre o envelhecimento, remetem-nos a priori para a noção da idade cronológica, para a perda de capacidades, a degradação, a própria ideia de morte. As representações sociais nas sociedades neo-liberais uniformizam o percurso de vida do indivíduo e a sua finalidade, definem os espaços sociais, avaliam o mérito do homem pela sua capacidade produtiva e riqueza material, influenciam a construção da identidade, subvalorizam a sua realização integral. Actualmente, surge um novo entendimento sobre a forma como o comportamento e os processos mentais mudam ao longo da vida. Segundo essas novas perspectivas sabe-se que é possível manter capacidades de adaptação a novas situações, pelo que temos duas possibilidades: perceber a mudança pela positiva, ou então pela negativa, a menos adequada. As estruturas adquiridas num estádio derivam da forma como o estádio anterior é vivenciado, sendo integradas no seguinte, numa sequência integrativa e qualitativa. Optando pela hipótese positiva, consideramos a última fase da vida como o estádio mais elevado do desenvolvimento, o da consolidação, da auto-realização, da integridade. Essa compreensão será conseguida gradual e cumulativamente com a experiência, a realização plena do sujeito, de acordo com as suas possibilidades, em cada etapa da vida, a inteligência que atinge a maturidade, a sabedoria.
Conclusão - O aumento da esperança média de vida dos cidadãos só gozará de uma perspectiva positiva, se houver um maior conhecimento e consciencialização de toda a sociedade, sobre o processo gradual de envelhecimento, destituindo representações ilógicas e implementando medidas para um desenvolvimento integral do ser humano, com qualidade de vida e dignidade. Afinal, o envelhecimento começa com a vida.
Bibliografia:
Almeida, A. & Cunha. G. (2003). Psicologia: Reflexão e Crítica. Vol.16 (1), pp. 147-155.  
Mota, M. (2005). Psicologia do desenvolvimento: uma perspectiva histórica.Vol.13, n.2, pp. 105-111. 
Valadares, J. et al. (2007). Manual de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Porto: Porto Editora.

domingo, 27 de março de 2011

Ideias do senso comum...incorrectas ou contraditórias?

 «A ausência fortalece os sentimentos» ou «Longe da vista, longe do coração»?

Eis aqui, efectivamente, uma certa incompatibilidade entre algumas teorias implícitas, contidas na sabedoria popular, que envolvem sentimentos díspares, sobre algumas condicionantes como o tempo, a ausência, a distância, ou mesmo a saudade e o esquecimento.
Será que somos controlados pelos sentimentos, ou somos nós que os controlamos, consoante a realidade vivida? Será a distância uma espécie de hiato que prende ou que solta, já que noutra frase feita «a distância separa dois olhares, mas nunca dois corações»? Sim, porque depois há uma envolvência que cimenta emoções sentidas, consideradas elos de suporte na saudade… a memória, a recordação, que podem encurtar (ou não) a distância. Se perante uma decepção ou desencanto se afirma que o «tempo tudo cura», ou «penas que não se vêem não se sentem»  e, embora atendendo a que «cada caso é um caso», eu permito-me consensualizar a questão, parafraseando o filósofo François La Rochefoucauld" que, numa teoria explícita (creio eu, até porque a sua obra serviu de influência a Friedrich Nietzsche) e numa tentativa de «agradar a gregos e troianos», se adopte a reflexão, mais coerente e, decerto, cientificamente mais aprofundada, «a ausência apaga as pequenas paixões e fortalece as grandes».
Bibliografia:
Texto 3. Educação e psicologia do desenvolvimento. Universidade Aberta  





«Porque razão é importante conhecermos as nossas teorias implícitas sobre o desenvolvimento humano?»

Senso comum é uma capacidade natural que a maioria das pessoas possui, de pensar sobre as experiências vividas, adquiridas no imediato e no contacto directo com a realidade. É aquilo que se aprende no dia-a-dia, com questões/situações triviais, sem necessidade de aprofundamento, porque os resultados são, aparentemente, óbvios. Essas opiniões, onde o bom senso impera, quando acumuladas e partilhadas nas comunidades, constituem como que uma herança, um património que é transmitido às sucessivas gerações. Muitas encontram-se reflectidas (embora algumas vezes em contradição) nos inúmeros provérbios, que fazem parte da tal sabedoria popular. Sabe-se que esse conhecimento comum nas teorias implícitas, da chamada psicologia empírica, é o que tantas vezes rege as interacções sociais. Apesar desse saber, por vezes insuficiente, dos eventuais defeitos, de alguma ingenuidade, pode ser também, dada a sua origem remota nas sociedades humanas, um ponto de partida para a consciência e a reflexão, para o aprofundamento das teorias explícitas, para o caminho da investigação, dessa ciência, em termos temporais mais recente, a psicologia científica.

“Termos consciência das nossas teorias implícitas, permite-nos ter uma atitude reflexiva e crítica face às nossas concepções de ser humano.” In Texto 3, (2011: 2).

         Bibliografia:
Texto 3. Educação e psicologia do desenvolvimento. Universidade Aberta   
            http://www.psicologia.com.pt/